ZFM + ESG: entre o discurso da sustentabilidade e a realidade social amazônica
ZFM + ESG: entre o discurso da sustentabilidade e a realidade social amazônica – A Revista Fama Amazônica contesta as narrativas prontas sobre sustentabilidade na Amazônia. Enquanto parte da mídia tradicional celebra o modelo da Zona Franca de Manaus (ZFM) como exemplo mundial de economia verde, outras pesquisas apontam um contraste visível: renda mal distribuída, desigualdade social crescente e pobreza ainda evidente em diversas áreas do Amazonas.
Para compreender essa contradição, a Fama Amazônica recorreu à Inteligência Artificial (IA) para cruzar dados recentes sobre meio ambiente, economia e desenvolvimento humano, comparando o discurso oficial do movimento ZFM + ESG com indicadores sociais da região. A pergunta que norteia a investigação é simples, mas crucial: quem está certo — os que veem a ZFM como modelo sustentável, ou os que denunciam a desigualdade que ainda marca a vida amazônica?
O discurso: capitalismo da responsabilidade amazônica
O movimento ZFM + ESG vem sendo apresentado como um novo paradigma econômico.
De acordo com sua narrativa oficial:
“Enquanto o mundo revisa suas crenças sobre o ESG, a Zona Franca de Manaus reafirma um modelo de sustentabilidade real — o movimento ZFM + ESG nasce para revelar o diferencial competitivo da indústria amazônica e o capitalismo da responsabilidade”.
O debate global sobre ESG (Environmental, Social and Governance), no entanto, atravessa um momento de revisão.
Economistas e gestores, como o analista Matt Levine, colunista da Bloomberg Opinion, classificam o ESG global como um “complexo industrial” — repleto de relatórios vistosos e discursos éticos, mas com pouca substância prática.
A crítica de Levine revela o ponto central dessa discussão: o ESG se tornou, em muitos lugares, um produto de marketing corporativo. Uma estética moral que pouco contribui para a equidade social e o equilíbrio ambiental.
O contraponto amazônico
Na Amazônia, porém, o discurso é outro.
Aqui, o ESG não é moda — é sobrevivência econômica e ambiental. O Polo Industrial de Manaus (PIM) pratica sustentabilidade há mais de meio século, gerando empregos formais, inovação tecnológica e preservação de mais de 95% da floresta original.
Segundo Bosco Soares, titular da Suframa:
“Não é uma adesão ao modismo das siglas globais, mas uma declaração de autenticidade amazônica. O E de ambiental é floresta em pé; o S de social é trabalho digno e formal; e o G de governança é transparência e compliance fiscal.”
O modelo da ZFM tem, de fato, resultados expressivos: cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos, investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e uma estrutura industrial que respeita os limites ecológicos da região.
A realidade social: o outro lado da moeda
Mas a IA da Fama Amazônica mostra um cenário mais complexo.
Dados recentes do IBGE e IPEA indicam que, apesar da estrutura industrial consolidada, a desigualdade social no Amazonas permanece entre as maiores do país.
Em muitos municípios, a renda per capita é inferior à média nacional, e o acesso à educação e saneamento básico ainda é limitado.
Essas informações reforçam o que especialistas locais alertam: a riqueza da Zona Franca nem sempre chega às comunidades amazônidas. Enquanto o centro industrial de Manaus prospera, grande parte da população do interior continua vivendo em vulnerabilidade.
A voz da Amazônia: tecnologia, dados e verdade
Com base nessa comparação, a Fama Amazônica propõe um debate mais honesto e baseado em evidências.
O uso da Inteligência Artificial permite cruzar dados socioeconômicos, ambientais e empresariais, revelando onde o modelo ZFM + ESG realmente cumpre seu papel e onde ainda há distorções.
A Amazônia precisa ser vista não apenas como símbolo verde para o mundo, mas como território de gente real, que enfrenta desafios diários entre preservar, sobreviver e prosperar.
Conclusão
A verdade talvez esteja no meio do caminho:
A Zona Franca de Manaus é, sim, um exemplo de desenvolvimento que evita o desmatamento e promove tecnologia limpa.
Mas o desafio social continua urgente — e sem enfrentá-lo, nenhum modelo econômico poderá ser plenamente sustentável.
A Fama Amazônica e a IA seguem unidas na missão de analisar, comparar e revelar a Amazônia real — a que trabalha, cria, luta e resiste.
Por Almir Souza
Fonte Redação Fama
Foto AAS





