Manaus

Mobilidade Urbana e Tarifa Zero: Um Novo Caminho para as Cidades Amazônicas

Mobilidade Urbana e Tarifa Zero: Um Novo Caminho para as Cidades Amazônicas – Há pouco debate consistente no Amazonas sobre como construir uma cidade melhor para todos. No espaço público, predominam discussões superficiais, mal informadas e pouco contrastadas. Fala-se muito em “mercado” e em “visão empresarial”, mas quase nada sobre o interesse real da maioria da população.

Amazon ECO SIGHT

Assim, é compreensível que, na maior parte da cidade, ainda estejamos presos aos paradigmas de mobilidade urbana dos anos 1970 e 1980. Fala-se quase exclusivamente em automóveis, enquanto o transporte público é deixado de lado. As bicicletas e ciclovias, que chegaram a ganhar algum espaço, voltaram a ser esquecidas.

TELECOMAM Rádiocomunicação

O resultado é o crescimento acelerado do número de motocicletas e a expansão das plataformas de transporte por aplicativo — alternativas que ocupam as vias sem resolver o problema da mobilidade para quem não pode comprar um carro que, em boa parte do tempo, permanece parado.

Diante desse cenário, a Revista Fama Amazônica propõe um debate público urgente sobre a mobilidade urbana gratuita. Quem sabe, com isso, possamos resgatar grandes missões sociais que interessem à coletividade. Afinal, mesmo com o SUS, a saúde não é totalmente gratuita — muitos recorrem a planos particulares. O mesmo ocorre na educação, onde as escolas públicas dividem responsabilidades com instituições privadas.

Tarifa Zero: Uma Revolução Possível

A adoção da tarifa zero é vista por especialistas como um incentivo decisivo ao uso do transporte coletivo. Como destaca Almir Souza, redator, escritor e pesquisador da Fama Amazônica, ampliar o transporte por ônibus pode ser uma solução eficaz para reduzir o trânsito e reorganizar a vida urbana.

Contudo, grande parte dos municípios — não apenas do Amazonas, mas de todo o Brasil — ainda carece de equipes técnicas de Engenharia de Transportes. Por isso, carregam um pesado e crescente fardo de subsídios, consequência direta da falta de modernização e da ausência de políticas públicas consistentes, mesmo em plena era digital e com tecnologias de controle de tráfego disponíveis.

Empresas e trabalhadores arcam hoje com custos elevados relacionados ao transporte urbano. O vale-transporte pode representar até 6% das remunerações, segundo a legislação atual. Criar um mecanismo robusto de financiamento e estruturação do transporte público pode significar uma verdadeira revolução social e econômica. Cidades congestionadas poderiam repensar sua dinâmica de uso do solo, abrindo espaço para novas oportunidades sociais, econômicas e ambientais.

Vale lembrar que cerca de 8 milhões de brasileiros deixaram de usar ônibus após a pandemia — um dado que reforça a urgência de se repensar o modelo atual.

O Desafio da Inovação

Naturalmente, não faltarão argumentos contrários — e muitos deles rasos. O grande desafio é acreditar que os governos possam, de fato, enfrentar um problema que nunca foi tratado com o vigor necessário no país. Após experiências de corredores exclusivos, como os idealizados por Jaime Lerner, e as ciclovias implantadas em algumas cidades, pouco se fez de verdadeiramente transformador no campo da mobilidade urbana.

Ainda assim, este tipo de missão tem o poder de mudar as paisagens urbanas para melhor. Que tenhamos coragem de enfrentar os problemas reais — técnicos, políticos e culturais — e de construir cidades onde o direito de ir e vir seja, enfim, um bem público e acessível a todos.

Por Almir Souza
Fonte Redação Fama
Foto AAS

Almir Souza

Aqui Amazônia Acontece

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo