Amazônia

Hidrelétricas na Amazônia: os Munduruku e o futuro ameaçado do Teles Pires

Hidrelétricas na Amazônia: os Munduruku e o futuro ameaçado do Teles Pires – A Fama Amazônica acompanha o desenrolar das reivindicações das aldeias Munduruku diante dos riscos ambientais e sociais que reacendem críticas ao modelo de hidrelétricas na Amazônia. Os problemas atuais são graves, mas não surpreendentes: há anos já eram denunciados, enquanto a manutenção e a prevenção eram negligenciadas pelo poder público e pelas empresas.

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Como de costume no Brasil, os problemas são “empurrados para depois” — e, agora, o resultado é mais um “abacaxi para ser descascado”. O Ministério Público Federal (MPF) finalmente abriu investigação para apurar os impactos sociais e ambientais, mas esse despertar tardio deixa os povos indígenas novamente como os maiores prejudicados.

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Em nota, lideranças Munduruku do DACE foram enfáticas:

“Não aceitaremos viver sob ameaça constante em nome de um desenvolvimento que nos sacrifica. Defender o Teles Pires é defender a vida Munduruku e o futuro de toda a região.”

Para os Munduruku, a defesa do Teles Pires é inseparável da defesa da floresta e da sobrevivência de seus povos.

Levantamento do Inesc mostra que 16 das 23 hidrelétricas em operação na Amazônia já impactam terras indígenas, e mais de 30% das Terras Indígenas da região podem ser afetadas por novos projetos.

O MPF declarou que avaliará medidas para assegurar a proteção dos povos indígenas e a responsabilização das empresas. As comunidades exigem:

inclusão imediata no plano emergencial,

respeito ao direito de consulta prévia,

proteção à pesca,

apoio emergencial às famílias atingidas.

A situação é alarmante: especialistas alertam para o risco de colapso em cadeia de quatro grandes hidrelétricas na Amazônia — Sinop, Colíder, Teles Pires e São Manoel. O Teles Pires concentra o maior número de grandes usinas da região. Além dos riscos físicos, os Munduruku relatam mortandade de peixes, ameaça a espécies de tartarugas, insegurança alimentar e água turva, fatores que comprometem diretamente a sobrevivência das comunidades.

Segundo o MPF, a Eletrobras identificou falhas em drenos da barragem, elevou o nível de segurança da usina para “alerta” e determinou a adoção de um Plano de Ação Emergencial (PAE). Porém, as comunidades afirmam não terem recebido informações oficiais adequadas.

“A maior parte do que chega até nós vem de mensagens no WhatsApp, o que nos deixa sem saber o que é mentira e o que é verdade. Falta informação segura, direta e diária para as comunidades”, destacou a Associação DACE.

A Fama Amazônica seguirá acompanhando esse descaso em nosso território, com pesar e indignação. Está claro que os povos indígenas serão novamente os mais prejudicados.

Enquanto isso, o governo federal “presenteia” nossos rios, e os governadores dos estados seguem de olhos fechados, como se nada enxergassem — repetindo a velha história de abandono e silêncio.

por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS

Almir Souza

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