Pirarucu da Amazônia é pescado em outros lugares: alerta da Fama Amazônica sobre riscos ecológicos

A Revista Fama Amazônica alerta para os riscos da presença do pirarucu (Arapaima gigas) em regiões fora da Amazônia. Esse gigante das águas doces, que pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar até 200 quilos, é uma espécie nativa da Bacia Amazônica. Porém, quando introduzido em outros rios do Brasil ou até em países estrangeiros, torna-se exótico e potencialmente invasor, desequilibrando ecossistemas locais.
Sem predadores naturais fora de seu habitat original, o pirarucu concorre diretamente com espécies nativas por alimento e espaço, podendo causar o declínio populacional e até a extinção de peixes menores e mais vulneráveis. Expansão preocupante.. Casos recentes mostram o avanço do pirarucu em diferentes regiões. Pescadores de Cardoso, no norte paulista, capturaram exemplares de até 110 quilos no Rio Grande, na fronteira com Minas Gerais.
O peixe já foi registrado também em rios da Bahia, São Paulo, Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul — e até fora do Brasil, como na Califórnia.
Segundo Almir Souza, pesquisador e redator da Revista Fama Amazônica:
“Sabemos que em todo o mundo a maioria das espécies invasoras são prejudiciais à natureza. Essas espécies são consideradas a segunda causa mais importante de perda de biodiversidade depois da destruição do habitat.”
Pirarucu na Amazônia: de risco de extinção à recuperação
A realidade na Amazônia é bem diferente. Em 1996, o pirarucu entrou para a lista de espécies ameaçadas de extinção, o que levou à proibição da pesca extrativa. Desde então, iniciativas de manejo sustentável, como as do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, têm permitido a recuperação populacional da espécie.
Hoje, é possível observar o pirarucu em abundância em áreas de reserva. “Não precisa entrar na área de preservação para ver o pirarucu. A população voltou a níveis naturais, o que favorece inclusive uma migração natural pelos rios”, explica Almir Souza.
O problema dos criadouros
Apesar dos avanços, há um fator preocupante: os criadouros comerciais de pirarucu. Em épocas de cheia, rompimentos de tanques e viveiros podem permitir a fuga dos peixes, que passam a viver livremente nos rios de outras regiões, adaptando-se ao novo ambiente e ameaçando espécies locais.
Fama Amazônica alerta: a falta de fiscalização nos setores ligados à floresta e aos rios da Amazônia aumenta o risco de desequilíbrio ecológico.
O caso do pirarucu fora de seu habitat natural é um exemplo claro de como ações humanas mal controladas podem comprometer ecossistemas inteiros.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS