Cânhamo: Elo de uma Cadeia Regenerativa na Amazônia

Revista Fama Amazônica – A Amazônia está prestes a entrar em um novo capítulo de sua história econômica e ambiental, com um protagonista que atravessa milênios: o cânhamo. Pesquisa, ciência e sustentabilidade se unem para resgatar o potencial regenerativo dessa planta ancestral, capaz de revolucionar a bioeconomia da floresta com responsabilidade e inovação.
Uma Planta, Múltiplas Possibilidades
O cânhamo é uma subespécie da Cannabis sativa sem propriedades psicoativas. Historicamente cultivado desde 8.000 a.C. no Japão e presente em diversas culturas asiáticas, ele se destaca por sua incrível versatilidade:
Fibras têxteis – Medicamentos e cosméticos – Alimentos, instrumentos musicais e biocombustíveis – Materiais de construção e produtos de limpeza naturais – Além de ser nutritivo e sustentável, o cânhamo tem impacto ambiental reduzido, ajudando na recuperação do solo, no combate a pragas e na absorção de metais pesados — um verdadeiro aliado da regeneração ecológica.
Legalização e Sustentabilidade: Oportunidade para o Brasil
Com uma decisão histórica do Superior Tribunal de Justiça, o cultivo de cânhamo industrial ganhou respaldo no Brasil — restrito, por ora, a fins medicinais e farmacêuticos, e apenas por pessoas jurídicas.
Estudos do Instituto Escolhas estimam que, até 2030, esse mercado pode movimentar até R$ 6 bilhões, gerando empregos, inovação e um novo ciclo de sustentabilidade para o país.
Critérios-chave para esse novo ciclo: Sustentabilidade-Responsabilidade – Oportunidade
Experiências Internacionais que Inspiram
Na Europa, iniciativas como a European Industrial Hemp Association orientam políticas sustentáveis e atraem investimentos em biotecnologia.
Na China, o setor de cânhamo movimenta mais de US$ 1,2 bilhão ao ano, gerando empregos e substituindo materiais poluentes, como plásticos e pesticidas.
Amazônia: Muito Além de um Fornecedor de Insumos
A Revista Fama Amazônica acredita que a floresta pode curar, a ciência pode emancipar e a produção pode regenerar. O cânhamo se insere como um elo importante dessa visão de futuro.
A Amazônia não pode mais ser vista apenas como fornecedora de insumos brutos. É preciso reconhecer seu papel como repositório ético e científico, com sabedoria tradicional e potencial tecnológico.
Ativos Naturais, Pesquisa e Inovação
Pesquisas de instituições como INPA, Fiocruz Amazônia, UFAM, UEA e Idesam já mapeiam dezenas de espécies com propriedades antitumorais, cicatrizantes, imunorreguladoras e antioxidantes. A integração do cânhamo nesse ecossistema científico pode ampliar ainda mais esse horizonte.
Cânhamo na Alimentação e Agricultura Regenerativa
As sementes de cânhamo têm sabor semelhante a nozes e podem ser consumidas cruas ou tostadas. Servem de base para:
Farinhas – Sopas – Panquecas – Iogurtes e sobremesas
Seus resíduos ainda atuam como inseticidas botânicos, inibem pragas e fungos, e revitalizam solos — ajudando a restaurar áreas degradadas na floresta.
Limites e Desinformação: A Importância do Esclarecimento
É importante diferenciar o cânhamo industrial de outras variantes da cannabis. Não há psicoatividade nem relação com entorpecentes como o “skunk”. Ainda assim, a informação clara e científica é essencial para evitar confusão e estigmas sociais.
Esclarecimento importante:
Cerveja com lúpulo não tem efeito canabinoide
CBD (canabidiol) pode ser extraído do cânhamo, com benefícios medicinais reconhecidos
O habeas corpus é uma medida para garantir o direito ao cultivo medicinal para pacientes específicos
Conclusão: O Futuro da Floresta é Regenerativo
A legalização e regulamentação do cânhamo industrial não são apenas uma pauta econômica ou medicinal. São parte de um movimento maior — de reconhecimento da Amazônia como solução global, e não como problema.
A floresta tem tudo para ser protagonista de um futuro sustentável. Com ética, ciência e sabedoria, ela mostra que é possível regenerar a natureza e transformar a economia ao mesmo tempo.
Revista Fama Amazônica — A floresta fala. A ciência escuta. A regeneração começa.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS