Turismo no Amazonas: Um esforço coletivo para sair do potencial e virar realidade

Na imagem o Hotel de selva Amazonecopark-Manaus.. O turismo no Amazonas continua sendo muito menor do que poderia ser. Apesar de todos falarem sobre o potencial turístico da região, o desenvolvimento efetivo do setor ainda é limitado, concentrado em poucos grupos econômicos e longe de refletir a grandiosidade natural e cultural da Amazônia.
O crescimento sustentável do turismo exige mais do que discursos. É preciso estrutura, planejamento e, principalmente, uma aliança real entre os setores público e privado. Enquanto não houver um conjunto de atrações turísticas articuladas com pessoas capacitadas e infraestrutura adequada, continuaremos assistindo ao turismo amazônico como um setor restrito e pouco diversificado.
Em 2024, o Amazonas recebeu cerca de 415 mil turistas. Em comparação, no ano da Copa do Mundo, em 2014, esse número foi quase três vezes maior: 1.168.000 visitantes. À primeira vista, 415 mil turistas parecem muito, mas, ao lado de destinos que realmente vivem do turismo, esse número ainda revela o quanto temos a avançar. Onde estão as opções que incentivem o turista a, ao menos, pernoitar e viver experiências mais profundas na região?
A comparação com destinos como os Pirineus — cuja principal atração é a natureza, assim como no Amazonas — nos mostra que o diferencial não está apenas no que se tem, mas no que se faz com o que se tem. Lá, desenvolveram trilhas, hospedagens especializadas, gastronomia local, esportes de aventura e de neve. Aqui, ainda nos falta integrar os potenciais da floresta com experiências como: observação da fauna, trilhas guiadas, escaladas, mergulho, pesca esportiva, turismo de base comunitária, ecogastronomia e tantos outros.
O turismo amazônico precisa ir além do Festival de Parintins. Atrações contínuas, voos regulares, facilidades de acesso e serviços de qualidade são fundamentais para que a experiência turística não se limite a poucos dias e poucos lugares.
Falar em crescimento percentual — como costuma fazer a Secretaria de Turismo ao mencionar os 13% de aumento no primeiro quadrimestre de 2025 — é insuficiente. Os mesmos destinos são sempre destacados: Manaus, Presidente Figueiredo, Iranduba, Novo Airão e, para os estrangeiros, também Tabatinga. Porém, a percepção de quem vive e já atuou com turismo no Amazonas mostra que não está tudo bem.
Almir Souza, que já trabalhou com hotéis de selva, city tours e experiências de imersão na floresta, afirma:
“O turismo é um esforço coletivo. Não há como desenvolvê-lo de forma consistente se apenas uma parte da sociedade estiver envolvida.”
A Revista Fama Amazônica reforça essa visão: é preciso romper a barreira do isolamento institucional e da falta de diálogo entre entes públicos e empresas privadas. O turismo não é um setor que se faz sozinho.
Sabemos que há iniciativas da Embratur, Sebrae e Governo do Estado em curso para reposicionar o Amazonas como um destino de “experiências autênticas”. Isso é necessário, mas precisa ser feito com diálogo real com os agentes locais, com quem vive o território e sabe como ele pode ser vivido por quem chega de fora.
Antes de desejarmos grandes números de turistas estrangeiros, precisamos consolidar um turismo que valorize e envolva o público local e nacional, fortalecendo a identidade regional e gerando desenvolvimento em todas as pontas: econômico, social e ambiental.
Sem uma gestão sistêmica, sem integração entre os setores e sem vontade política real, o turismo do Amazonas continuará sendo uma promessa não cumprida.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS