Fama Amazônica Alerta: O Sim ou Não que Pode Redesenhar o Futuro da Foz do Amazonas

Petrobras insiste em novo poço exploratório no bloco FZA-M-59; Ibama reavalia sob pressão política e ambiental.. A resposta definitiva sobre a possibilidade da Petrobras perfurar um novo poço exploratório na bacia marítima da Foz do Amazonas está prestes a ser conhecida.
Negado em 2023, o pedido de licença referente ao bloco FZA-M-59 voltou ao centro das atenções após a petroleira entrar com recurso. Desde então, técnicos do Ibama estão reavaliando o caso em meio a um ambiente marcado por pressões e tensões institucionais.
“Não é porque o presidente da República está dizendo que a gente tem que dar uma resposta logo que a gente vai correr com nosso parecer”, afirmou à DW Brasil o servidor Leandro Valentim, diretor-adjunto da Ascema, entidade que representa especialistas em meio ambiente.
A situação se agravou com o afastamento temporário de Ivan Werneck Sanchez Bassères, coordenador de Licenciamento de Petróleo e Gás do Ibama. Segundo fontes, a mudança já era esperada e não teria viés político: Bassères vai participar de um programa da ONU. A expectativa é que seu substituto seja alguém experiente dentro do próprio órgão.
O Fim do Monopólio e o Início do Controle Ambiental
Durante mais de quatro décadas, a Petrobras exerceu monopólio total sobre o setor petrolífero no Brasil. A estatal decidia onde perfurar, como operar e pouco se sabe se houve preocupação ambiental real durante esse período. A atuação da empresa era praticamente autônoma.
Essa fase obscura é parte da pesquisa do servidor do Ibama e doutor em planejamento energético pela UFRJ, Cristiano Vilardo, que revela que não há clareza sobre como se deu a exploração no período monopolista. Após a abertura do mercado, entre 2001 e 2011, apenas 11 poços exploratórios foram perfurados na região.
Amazônia em Alerta: Combustíveis Fósseis vs. Ecossistemas Marinhos
O atual cenário é alarmante. Organizações, especialistas e populações amazônicas questionam: até onde pode ir a exploração desenfreada dos recursos naturais em nome do desenvolvimento energético? Em um país sob forte instabilidade política e institucional, onde decisões ambientais muitas vezes são tomadas sob pressão ou negligência, a preocupação é legítima.
“No Brasil as coisas estão nas mãos de um desgoverno… Querem acabar com o que temos de mais precioso: o rio Amazonas e a floresta amazônica”, desabafa um colaborador da Fama Amazônica.
Um parecer técnico anterior ao leilão de blocos na Foz do Amazonas alertava para a falta de conhecimento científico sobre a área, somado ao fato de tratar-se de um dos litorais mais sensíveis e biodiversos do planeta. Mesmo assim, os alertas não impediram que a região fosse incluída nas rodadas da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Francesa Total e Britânica BP Recuaram. Petrobras Insiste.
A Total, gigante francesa do petróleo, tentou assumir a dianteira no passado. Em 2018, o Ibama negou o licenciamento, citando uma série de problemas técnicos graves. A empresa desistiu da empreitada. O mesmo ocorreu com a britânica BP, que também se retirou da disputa.
A Petrobras, no entanto, permanece. Agora, com a possibilidade de nova rodada de leilões programada para junho, os blocos da Foz do Amazonas seguem no radar, mesmo sem garantias sobre a viabilidade ambiental.
A Decisão Final é Técnica – ou Política?
Apesar da crescente pressão do governo federal e de setores econômicos, a decisão sobre o licenciamento segue, por lei, sob responsabilidade do presidente do Ibama. Em 2023, Rodrigo Agostinho negou o pedido com base no parecer técnico. Mas com o recurso da Petrobras, ele determinou nova análise, reacendendo o debate entre interesses políticos, técnicos e ambientais.
Fama Amazônica reafirma: a vida vem antes do petróleo.
Em um momento de tantas incertezas, cabe à sociedade civil, à imprensa responsável e às instituições ambientais garantir que o desenvolvimento não seja uma sentença de destruição para os ecossistemas mais ricos e frágeis do planeta.
A Foz do Amazonas não pode ser tratada como um vazio econômico, mas sim como um santuário ecológico que merece respeito, pesquisa e proteção.
Por Almir Souza – Revista Fama Amazônica
Fonte Redação Fama
Foto AAS