FAMA AMAZÔNICA – Carnaval do Abandono

Seis meses depois, carros alegóricos continuam largados no Sambódromo de Manaus.. Seis meses após os desfiles que movimentaram corações e comunidades, o Sambódromo de Manaus, um dos principais palcos da cultura popular do Norte do Brasil, agoniza em meio ao abandono. O que era festa, virou descaso.. Lixo, abandono e risco à saúde
Entre os galpões e o estacionamento do Sambódromo, o cenário é alarmante: carros alegóricos quebrados, fantasias rasgadas e estruturas metálicas expostas ao tempo. Muitas acumulam água da chuva, transformando-se em criadouros de mosquitos e ampliando os riscos à saúde pública.
O que deveria ser um ponto turístico e cultural de Manaus virou depósito de lixo a céu aberto — bem no coração da cidade, entre a Arena da Amazônia e a Vila Olímpica.
“Alegorias seguem largadas, expostas ao tempo. E o silêncio das autoridades ecoa mais alto que qualquer tamborim”, denuncia um frequentador do entorno.
Ministério Público investiga, mas providências não chegam
Em 2024, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) instaurou o Inquérito Civil nº 06.2024.00000670-7 para investigar a permanência irregular de resíduos no Sambódromo. A ação foi motivada por denúncia da Secretaria de Estado de Cultura (SEC) sobre o acúmulo de lixo deixado pelas escolas de samba.
“Instauramos o inquérito para apurar essa irregularidade ambiental, por conta dos dejetos e do lixo, e urbanística, por impedir o direito de ir e vir das pessoas”, afirmou o promotor Paulo Stélio Sabbá Guimarães.
Além da SEC, foram requisitadas informações da Semulsp, Liesa e Uesam, mas nenhuma solução efetiva foi implementada até agora. A Avenida do Samba permanece intocada, suja e esquecida.
Patrimônio cultural transformado em paisagem de descaso
O abandono compromete não apenas a paisagem urbana — considerada o “cartão de visita” do Carnaval amazonense — mas também o turismo, a segurança sanitária e o respeito à população que vive e circula diariamente pela área.
Sem ações coordenadas, a cultura pede socorro, enquanto o que deveria ser espaço de celebração e memória coletiva segue tomado pelo esquecimento.
Editorial – Fama Amazônica
O Carnaval manauara é resistência, é arte, é história viva. Mas sua permanência depende de zelo contínuo e de políticas públicas eficazes. Abandonar o Sambódromo é apagar parte da alma da cidade.
Cultura não se abandona. Cultura se preserva, se valoriza, se respeita.
Seis meses depois, o silêncio é ensurdecedor. E o samba, infelizmente, virou lamento
por Almir Souza Redator Hacker
Fonte Redação Fama
Foto AAS