Corpus Christi: Fé, História e a Beleza das Tradições Populares

Fama Amazônica – Celebrado com profunda reverência no calendário da Igreja Católica, Corpus Christi é uma data que une fé, arte e memória histórica. Mais do que uma cerimônia religiosa, trata-se de uma expressão viva da espiritualidade cristã, que ao longo dos séculos atravessou fronteiras e se enraizou profundamente na cultura brasileira.
A expressão “Corpus Christi”, de origem latina, significa “Corpo de Cristo”. A data homenageia o sacramento da eucaristia, momento central da fé católica, em que, segundo a teologia, o pão e o vinho consagrados tornam-se, em essência, o corpo e o sangue de Jesus Cristo – um processo conhecido como transubstanciação.
Origem histórica da celebração
A origem de Corpus Christi remonta ao século XIII, mais precisamente ao ano de 1264, durante o pontificado do papa Urbano IV. A iniciativa de instituir uma celebração dedicada à eucaristia foi inspirada pelas experiências místicas da freira belga Juliana de Mont Cornillon, que afirmava receber visões divinas pedindo uma festa especial em honra ao sacramento. Seus relatos sensibilizaram inicialmente o bispo de Liège, Roberto de Thourotte, que autorizou uma comemoração local em 1247, embora ele tenha falecido antes de vê-la concretizada.
Outro personagem influenciado pelos relatos de Juliana foi o arcediago Jacques Pantaleon, que mais tarde se tornaria o papa Urbano IV. Foi ele quem, após ouvir o testemunho de um milagre ocorrido em Bolsena, na Itália, decidiu oficializar a celebração. Segundo o relato, um sacerdote da Boêmia, Pedro de Praga, duvidava da presença real de Cristo na eucaristia. Durante uma missa, a hóstia consagrada teria vertido sangue, reforçando, na visão da Igreja, o caráter sagrado do sacramento. Esse episódio ficou conhecido como o Milagre de Bolsena, e foi determinante para a instituição de Corpus Christi como uma festa universal da Igreja Católica.
Corpus Christi no Brasil: fé expressa em cor e arte
No Brasil, Corpus Christi é celebrado sempre em uma quinta-feira, exatamente 60 dias após a Páscoa. A data simboliza o dia da Última Ceia, realizada por Cristo com seus apóstolos. Com a colonização portuguesa, a festa foi incorporada à tradição católica brasileira, ganhando contornos únicos.
Uma das expressões mais marcantes da data no país são os tapetes de Corpus Christi, tradição herdada dos portugueses. Em muitas cidades brasileiras, fiéis se reúnem nas ruas para confeccionar verdadeiras obras de arte com serragem colorida, borra de café, areia, flores, cascas de ovos e outros materiais naturais e recicláveis. Esses tapetes representam símbolos cristãos, como o cálice, o cordeiro, o pão, e também mensagens de fé, paz e esperança.
A procissão que percorre os tapetes é um momento solene e de grande significado espiritual. As ruas se tornam templos a céu aberto, unindo comunidades em torno da fé e da criatividade popular.
Um chamado à oração pela paz
Neste ano, a Revista Fama Amazônica convida seus leitores a refletirem não apenas sobre os mistérios da fé, mas também sobre os desafios que enfrentamos como humanidade. Diante das guerras e da dor que afetam tantas pessoas, em especial nos territórios sagrados de Israel e Palestina, clamamos pela paz.
Lembramos que, ao longo da história bíblica, o povo de Israel foi convocado à guerra por motivos espirituais e morais. Hoje, no entanto, vivemos outro tempo – um tempo que exige diálogo, solidariedade e empatia. Que o Corpo de Cristo, celebrado neste dia, nos inspire a buscar reconciliação, justiça e amor ao próximo.
Fama Amazônica — fé, cultura e compromisso com a paz.
Fama Amazônica se une em oração pelo fim da guerra e pela paz entre os povos. Que neste Corpus Christi, em que relembramos a entrega de Cristo pela humanidade, possamos renovar a fé em um mundo mais justo, com diálogo, compaixão e respeito à vida.
Oremos juntos:
Senhor da Vida,
Neste dia sagrado de Corpus Christi,
voltamos nosso coração para Ti, pedindo pela paz.
Que cesse a violência, que se calem as armas,
que os corações endurecidos se abram ao perdão.
Acolhe, Senhor, os que sofrem com a guerra,
conforta os que perderam tudo e dá esperança aos que clamam por justiça.
Que o Teu Corpo e o Teu Sangue, que hoje celebramos,
nos inspirem a sermos instrumentos de paz.
Em nome de Jesus, Príncipe da Paz,
Amém.