Fama Amazônica revela: tráfico de mercúrio abastece garimpo ilegal na Amazônia e movimenta bilhões

A Revista Fama Amazônica, em pesquisa conduzida pelo jornalista Almir Souza, atualiza e revela dados alarmantes sobre o tráfico de mercúrio na região amazônica. O metal, usado em larga escala no garimpo ilegal, tem gerado impactos devastadores na floresta, nos rios e nas populações ribeirinhas.
Entre abril de 2019 e junho de 2025, cerca de 200 toneladas de mercúrio foram traficadas na Amazônia — quantidade suficiente para produzir aproximadamente US$ 8 bilhões (R$ 44 bilhões) em ouro.
Segundo investigações, o mercúrio extraído no México chega a garimpos da Bolívia, Colômbia e Peru por meio de rotas controladas por cartéis do narcotráfico. Esse é considerado, de acordo com a Deutsche Welle, o maior fluxo de tráfico de mercúrio já registrado no mundo.
Com o preço do ouro em alta — em maio, o quilo do metal atingiu o valor recorde de US$ 330 — a demanda pelo insumo cresceu ainda mais. Para cada grama de ouro extraído, são necessários de 1,5 a 2,5 gramas de mercúrio, aprofundando os danos ambientais.
Impactos invisíveis, mas fatais
Altamente tóxico, o mercúrio se incorpora a moléculas orgânicas e se acumula em organismos aquáticos, propagando-se pela cadeia alimentar. O efeito é silencioso, mas duradouro, trazendo sérios riscos à saúde de quem consome peixes contaminados.
A Aliança Amazônica para a Redução dos Impactos da Mineração do Ouro (AARIMO) alerta que a contaminação atinge populações ribeirinhas que dependem diretamente da pesca para subsistência.
Hospitais e centros de saúde no interior já relatam aumento de casos relacionados à intoxicação por mercúrio.
O Rio Madeira como epicentro
Uma pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) investigou água, peixes e sedimentos em 54 pontos ao longo de 1.700 km do rio Madeira. O estudo confirmou a presença de mercúrio em espécies amplamente consumidas pela população, como jaraqui, pacu, matrinxã, traíra e sardinha de água doce.
Os dados permitem identificar as áreas mais vulneráveis, apoiar medidas de saúde pública e orientar políticas de conservação para conter a escalada do problema.
Conclusão
O tráfico de mercúrio, aliado ao garimpo ilegal, não apenas movimenta bilhões de dólares como também ameaça a segurança alimentar, a saúde e a biodiversidade amazônica.
O desafio agora é transformar dados em políticas concretas, antes que os efeitos irreversíveis atinjam toda uma geração.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS