Transição Energética na Amazônia: A Luz Que Ainda Falta Chegar

Fama Amazônica.. Imagine que Manaus e o Amazonas foram uns dos primeiros lugares do Brasil a receber energia elétrica. E, mesmo assim, hoje muitos dos nossos irmãos caboclos continuam enfrentando o “perrengue”, como dizem por aqui: noites na escuridão, geradores barulhentos a diesel, e a esperança acesa na lamparina — quando há.
A transição energética na Amazônia é um conceito que vai muito além da técnica: é uma questão de justiça social, de inclusão, de soberania. Refere-se à substituição dos combustíveis fósseis — como o óleo diesel das termelétricas — por fontes limpas e renováveis, como a energia solar, eólica e hidrelétrica, buscando reduzir emissões de carbono e promover o desenvolvimento sustentável da região.
O Contraste: Potencial x Realidade
A Amazônia tem sol abundante, rios poderosos, ventos constantes e saberes tradicionais que, se aliados à tecnologia, podem transformar a paisagem energética da região. Mesmo assim, milhares de comunidades ainda vivem em sistemas isolados, fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), e dependem exclusivamente de termelétricas movidas a diesel — caras, poluentes e ineficientes.
Vemos comerciais na televisão falando sobre “Luz para Todos”, promessas de conexão e desenvolvimento. Mas a realidade no interior é bem diferente. Quem pode paga pelo óleo. Quem não pode, continua no escuro — se quiser. Porque a alternativa, muitas vezes, nem sequer existe.
Cada hora sem energia é uma hora perdida de saúde, educação e renda. A ausência de luz não apaga apenas as lâmpadas: apaga sonhos, desativa negócios, desmotiva jovens, desconecta escolas e compromete vacinas que precisam de refrigeração.
Um Exemplo: Tumbira Iluminada
Mas há esperança. Iniciativas como a que ocorreu na comunidade de Tumbira, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, mostram que é possível. Com 20 módulos solares de 375 Wp, totalizando 7,5 kWp, e baterias de sódio de última geração com 38,4 kWh, essa comunidade agora vive uma nova realidade: energia limpa, constante e confiável.
Esse avanço representa mais do que uma conquista técnica: é a prova viva de que a energia limpa pode ser instrumento de autonomia, inclusão e inovação.
A Floresta Não Quer Favores, Quer Tecnologia
A Amazônia não pede favor. Pede respeito. E, principalmente, tecnologia. É preciso ousadia, parcerias sólidas e investimentos consistentes. Precisamos enxergar o sol que ilumina a floresta como um aliado eterno da justiça climática. Não podemos aceitar o velho como destino.
A floresta em pé pode — e deve — ser também energizada, conectada, produtiva e justa. A energia que chega deve acender mais do que lâmpadas: deve ativar sonhos, fomentar negócios, conectar escolas, refrigerar vacinas e aquecer esperanças.
FITEA 2025 – Amazônia no Centro da Transição Energética
Em 2025, Manaus sediará a FITEA — Feira Internacional da Indústria e Transição Energética da Amazônia, reunindo especialistas, empresas, investidores e comunidades para discutir o futuro da energia na floresta.
Temas como créditos de carbono, hidrogênio verde, energias descentralizadas e o uso de tecnologias limpas em comunidades ribeirinhas e indígenas serão debatidos com profundidade.
A luta continua, mas a esperança caminha junto.
Que a FITEA 2025 seja um ponto de virada, onde os aplausos não sejam apenas para os discursos, mas para as ações concretas que tragam energia — e dignidade — para cada canto da nossa Amazônia.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS