Fama Amazônica: O Que Impede o Brasileiro de Ser Sustentável?

Fama Amazônica — Como educador redator escritor e pesquisador em engenharia ambiental, essa pergunta é recorrente em minha mente: as pessoas realmente se importam com a sustentabilidade? Tenho certeza de que, se você está lendo este artigo, já se questionou sobre isso também.
Ao fazermos uma rápida busca por pesquisas e dados sobre o tema no Brasil, infelizmente os indícios não são animadores. A resposta parece ser não. As pessoas dizem se importar, mas na prática, a realidade é outra. Nos finais de semana, por exemplo, raramente se pensa em preservar o meio ambiente. Há uma distância clara entre o discurso e a prática.
Dizer que se importa é fácil; mudar comportamentos exige esforço.
Vivemos em um dos países com os maiores índices de desmatamento do mundo, reciclamos menos de 5% dos nossos resíduos sólidos, e frequentemente elegemos líderes que demonstram claro descaso pelas questões ambientais. Se as pessoas realmente se importassem, por que não agem com mais firmeza? Por que não cobram dos governantes? Por que não pressionam por mudanças?
A resposta está em uma palavra: prioridade. O ser humano tende a priorizar aquilo que representa um risco imediato à sua vida. Problemas ambientais são, muitas vezes, percebidos como distantes, como se não nos afetassem diretamente.
Além disso, há uma desconexão crescente com a natureza. Cuidamos apenas daquilo com o qual temos vínculo. E quanto mais distantes estamos do ambiente natural, menos sentimos empatia por sua destruição.
Existe também uma diferença importante entre informação e conhecimento. A informação está mais acessível do que nunca, mas ainda não é suficiente. A maioria das pessoas não compreende, de fato, os desafios, as causas e as consequências da crise ambiental — nem tampouco as soluções possíveis.
O caso do plástico nos rios, por exemplo, só começou a incomodar quando o lixo se tornou visível nas águas, nas praias e nas ruas das cidades. O incômodo veio daquilo que se tornou inegável. Até lá, era invisível ou ignorado.
Como seres vivos, tendemos a otimizar nosso esforço, buscando sempre o caminho mais fácil. Isso nos leva a valores como ganância, individualismo, egoísmo e medo, que ainda são predominantes em nossa sociedade e sustentam comportamentos insustentáveis.
Por isso, o desafio da sustentabilidade é também um desafio humano e cultural. A educação ambiental tem um papel fundamental: não apenas informar, mas aproximar as pessoas da natureza, desenvolver empatia, fortalecer valores como a cooperação, o respeito e a solidariedade, e mostrar que soluções são possíveis — desde que haja comprometimento e mudança de atitude.
Fama Amazônica vive esse tema diariamente, navegando pelos rios e igarapés da região. Sabemos o que está acontecendo. Sabemos que muitos moradores das grandes cidades fingem não ver, assim como muitos que vivem aqui na Amazônia também parecem não se importar com a gravidade da situação.
As mudanças climáticas, por exemplo, ainda parecem um problema distante, embora já estejam alterando o regime das chuvas, o nível dos rios, o calor urbano e a fertilidade da terra.
O futuro da Amazônia está diretamente ligado à nossa capacidade de adotar soluções sustentáveis e preservar esse tesouro natural para as próximas gerações. A floresta amazônica influencia os padrões climáticos globais e não pode mais ser tratada como algo secundário.
Mas será que a maioria das pessoas tem essa consciência? Achamos que não. O conforto do presente e a ideia de progresso muitas vezes falam mais alto do que qualquer preocupação ambiental.
E assim seguimos, cada um por seu caminho… Deixando a natureza e a preservação para depois.
Mas será que haverá um “depois”?
Por Almir Souza – Revista Fama Amazônica
Fonte Redação Fama
Foto AAS