A Infância Conectada e o Vazio da Orientação

Por Almir Souza – Revista Fama Amazônica.. Não sou especialista em segurança ou cibersegurança. Mas essa preocupação que hoje me inquieta não é só minha — é de todos os pais, mães e amigos que caminham conosco na Revista Fama Amazônica.
Vivemos um tempo em que formar crianças e adolescentes críticos é uma urgência. Jovens que saibam reconhecer armadilhas digitais, proteger seus dados, entender o valor da privacidade e resistir à lógica cruel da comparação constante nas redes.
Isso não se constrói com filtros ou aplicativos de controle. Só se constrói com diálogo.
A escola tem um papel vital nesse processo — não apenas como transmissora de conteúdo, mas como espaço de formação ética, emocional e digital.
É urgente investir em políticas públicas de educação midiática e saúde mental voltadas às novas gerações.
Há alguns anos, chamávamos a internet de “mundo virtual”. Hoje, para crianças e adolescentes, ela é o próprio mundo. É onde aprendem, brincam, criam, amam, brigam e choram. É onde constroem sua identidade. Ignorar isso é negar a realidade.
O problema não está na tecnologia em si, mas na ausência de preparo para vivê-la. Muitos pais entregam um smartphone aos filhos antes mesmo de ensiná-los a atravessar a rua.
Sem orientação, os riscos se multiplicam:
cyberbullying – vazamento de dados – assédio sexual (o chamado grooming)-exposição a conteúdos de ódio, violência, automutilação e pornografia
E ainda há os danos silenciosos: dependência, ansiedade, insônia, queda na autoestima e no rendimento escolar.
Mas o grande equívoco está em confundir controle com proteção.
👉 Monitorar sem diálogo é vigiar.
👉 Orientar com escuta é educar.
A tecnologia pode ser uma aliada — desde que usada com transparência, combinada com regras claras e, acima de tudo, com presença afetiva.
Não adianta limitar o tempo de tela se o próprio adulto não larga o celular durante o jantar.
Falo isso com base na minha experiência de mais de 20 anos na área digital. Vejo, diariamente, pais perdidos entre a culpa e o susto.
Muitos só percebem a gravidade quando já é tarde: quando aparece uma denúncia, um print perturbador, ou quando a escola entra em contato.
Mas a prevenção começa muito antes:
Com escuta.
Com confiança.
Com preparo.
Não basta reagir. É preciso prevenir.
A infância conectada não está em risco apenas por estar online. Está em risco por estar sozinha.
É nosso dever estabelecer limites, mesmo quando isso incomoda.
Educar exige coragem.
E presença.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS