Manaus Ontem e Hoje: A Força de uma Cidade Amazônica

A Revista Fama Amazônica, por meio de seu redator Almir Souza , traz um olhar especial sobre a história da cidade de Manaus, uma capital marcada por transformações profundas e desafios sociais constantes. Uma trajetória que, apesar das adversidades, revela a força e a diversidade de seu povo.
Ao longo dos anos, Manaus cresceu em população e complexidade urbana, tornando-se uma metrópole vibrante, mas também marcada por desigualdades. Com mais de 2 milhões de habitantes, a cidade enfrenta dilemas típicos dos grandes centros urbanos brasileiros: trânsito caótico, moradias precárias, exclusão social e falta de políticas públicas eficazes. Uma cidade que, em muitos aspectos, parece quase ingovernável.
Contudo, a essência de Manaus está nas pessoas. Em meio às metamorfoses urbanas, são os cidadãos – ricos ou pobres, moradores antigos ou recém-chegados – que moldam o destino da cidade. Todos têm um papel crucial na construção de uma cidade mais justa e humana.
Almir destaca: “Manaus é a capital do estado do Amazonas, que compõe a região Norte do Brasil. Com uma população de pouco mais de 2 milhões de habitantes, a cidade é uma das mais populosas do país e a principal da sua região. Desempenha um importante papel como centro econômico da Amazônia, especialmente por abrigar grandes indústrias na Zona Franca de Manaus (ZFM), polo estratégico para a economia regional.”
A história de Manaus é viva, feita de contrastes, desafios e conquistas. A capital amazônica segue pulsando, resistindo e reinventando-se, em meio à floresta que a cerca e à força de um povo que não desiste de sonhar.
História de Manaus: Da Colonização ao Ciclo da Borracha
A história de Manaus está intrinsecamente ligada à colonização portuguesa na Amazônia e, posteriormente, ao ciclo da borracha, que marcou um dos períodos mais prósperos da região. Essa trajetória combina estratégias militares, expansão urbana e momentos de esplendor econômico, transformando Manaus em símbolo de resistência e adaptação ao longo dos séculos.
Fundação e Ocupação Portuguesa – 1669
A cidade foi fundada em 1669, com a construção do Forte de São José do Rio Negro, criado para proteger o território das invasões estrangeiras e garantir a presença portuguesa na Amazônia. A fortificação deu origem ao núcleo urbano inicial que, com o tempo, se expandiria e se tornaria capital da província do Amazonas.
Século XIX: O Ciclo da Borracha e o Apogeu Urbano
Durante o século XIX, especialmente a partir da segunda metade do século, Manaus viveu um dos períodos mais prósperos de sua história. A alta demanda internacional por borracha fez da cidade um dos principais centros comerciais da região amazônica.
A Zona Portuária de Manaus tornou-se ponto estratégico para exportação do látex extraído da floresta, e a riqueza gerada por esse comércio proporcionou uma verdadeira transformação urbana: ruas foram calçadas, palacetes erguidos, o Teatro Amazonas foi construído, e Manaus passou a ser chamada de “Paris dos Trópicos”.
1892: Modernização e Projeção Internacional
Em 1892, Manaus já se destacava como uma das cidades mais modernas do Brasil. A introdução de energia elétrica, bondes, sistema de esgoto e serviços públicos organizados colocaram a capital amazonense na vanguarda da urbanização nacional. Era o auge do ciclo da borracha.
Contudo, esse ciclo também trouxe desequilíbrios sociais e forte exploração da mão de obra indígena e cabocla, com impactos profundos nas comunidades tradicionais da floresta.
Essa parte da história revela as raízes da complexidade urbana de Manaus, que, ainda hoje, carrega as marcas de um crescimento acelerado e desigual. No próximo trecho, vamos abordar o declínio da borracha, o impacto da crise econômica e o surgimento da Zona Franca de Manaus como novo motor de desenvolvimento.
Governança Visionária: Eduardo Ribeiro e a Modernização de Manaus
Durante o auge do ciclo da borracha, o então governador Eduardo Ribeiro teve papel fundamental na transformação urbana de Manaus. Com uma visão moderna e arrojada, elaborou um plano diretor para coordenar o crescimento da cidade, inspirado em modelos europeus de urbanismo.
Sob sua gestão, Manaus passou a contar com bondes elétricos, rede de telefonia, iluminação pública a energia elétrica e sistema de água encanada – um avanço notável para uma cidade no coração da Amazônia. Ruas foram alargadas, praças embelezadas e edificações de luxo surgiram, como o icônico Teatro Amazonas, símbolo da opulência daquele período.
Ciclo da Borracha: Riqueza e Queda
Século XIX e início do século XX
Durante esse período, Manaus viveu um verdadeiro auge econômico com a extração e comércio da borracha. Tornou-se uma cidade moderna e cosmopolita, atraindo imigrantes, empresários e investidores de várias partes do mundo. Cafés, hotéis de luxo, escolas e clubes sociais prosperavam, refletindo o clima de euforia econômica.
1910: O Início da Crise
A partir de 1910, tudo começou a mudar. A concorrência da borracha extraída na Ásia, especialmente nas colônias britânicas, abalou profundamente a economia local. O preço do látex caiu drasticamente e a região entrou em colapso econômico. Muitos habitantes deixaram a cidade em busca de melhores oportunidades, e Manaus mergulhou num período de recessão e abandono.
Esse foi o início de um novo capítulo para a capital amazonense, que, décadas depois, buscaria retomar seu desenvolvimento com a criação da Zona Franca de Manaus, tema que abordaremos na próxima parte desta série especial da Revista Fama Amazônica.
Manaus Hoje: Uma Metrópole Amazônica em Movimento. Atualmente, Manaus é uma metrópole estratégica no Norte do Brasil, desempenhando um papel central na Amazônia brasileira. Após períodos de crise e recuperação, a cidade conseguiu diversificar sua economia e consolidar sua relevância tanto no cenário nacional quanto internacional.
Com a presença da Zona Franca de Manaus (ZFM), criada em 1967, a capital amazonense atraiu grandes indústrias dos setores eletroeletrônico, motocicletas, plástico e bebidas, transformando-se em um dos maiores polos industriais da América Latina.
Além do setor industrial, Manaus também avança em áreas como o comércio, turismo ecológico, tecnologia e inovação, com crescente investimento em startups, universidades e centros de pesquisa voltados para a bioeconomia e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Almir Souza: “Manaus é uma cidade em constante transformação, que abriga contradições profundas, mas também uma força cultural e ambiental singular. É uma capital marcada pela resistência, pela criatividade de seu povo e pela importância geopolítica de seu território.”
Conclusão: A Cidade das Águas e das Possibilidades
Manaus segue desafiadora e grandiosa, entre rios, florestas e concreto. Carrega consigo as marcas de sua origem colonial, do esplendor do ciclo da borracha e dos desafios contemporâneos da urbanização.
Mas, sobretudo, é uma cidade de pessoas que acreditam no amanhã, que resistem, reinventam e constroem, dia após dia, a identidade amazônica com orgulho e esperança.
por Almir Souza Redator
Fonte Redação Fama
Foto AAS