BODOZAL – NA PARIS DOS TRÓPICOS

BODOZAL – NA PARÍS DOS TRÓPICOS. é a denominação popular atribuída pejorativamente às ocupações dos leitos dos igarapés de Manaus, em alusão ao ambiente lamacento, do fundo dos lagos, onde vive e se reproduz o peixe Acari – Bodó abundante. Estas ocupações contrastam com os traços arquitetônicos da cidade de Manaus que no apogeu do Ciclo da Borracha foi denominada de Paris dos Trópicos, dada a riqueza que ostentava com praças, largas avenidas, ricos palacetes e uma estrutura de primeiro mundo, com bondes, sistema de iluminação pública e um majestoso teatro no qual se apresentavam grandiosos espetáculos, para o deleite da elite dominante da época.
Este tratamento discriminatório serve para o artigo do redator Almir Souza que assim denuncia a segregação e o preconceito de que foram vítimas centenas de famílias que durante décadas ocuparam os leitos dos igarapés da região central da cidade, onde Hilda nasceu e vive. sob os olhos indiferentes das autoridades e sob a discriminação da sociedade.
Hilda “Começou na prostituição por falta de dinheiro, tinha que pagar suas contas, seu filho adolescente , conta Hilda que trabalha como prostituta no Centro de Manaus há mais de10 anos. Aos 30 anos de idade, ela continua atuando na área e ainda mantém o segredo sobre a profissão que garantiu boa parte do estudo, alimentação e conforto do filho e também sua velha mãe. Com receio de uma reação negativa, Hilda revela que não pretende contar para o filho ou para qualquer familiar. Seu filho nunca soube. Sempre evitando de falar sobre seu trabalho, afinal a sua história de prostituição começou nas boates.
Com uma documento de dançarina que contém até nome social, emitida pela Delegacia de Ordem Social – ela trabalhava durante as noites e madrugadas amazonense. Entretanto, não gostava porque ha necessidade de consumir bebidas alcoólicas. “Ela tinha que beber e não queria beber, ela não conseguia, porque chegava ruim em casa. seu filho era pequeno – ele começou a perceber que eu estava bêbada quase sempre ela não gostava …Já faz uns dois anos desde que Hilda começou a explorar redes sociais, para trabalhar como profissional do sexo. Usando a tecnologia como aliada, as vezes Hilda faz chamadas de vídeo com clientes e, as vezes, marca programas pela internet. Nesse caso, os clientes pagam o programa e o deslocamento.
BODOZAL – NA PARÍS DOS TRÓPICOS. Com medo de sofrer algum golpe, ela garante que sempre mantém um contato até sentir confiança em marcar um local de encontro. “Tem uma energia de fora que a gente sente [se é bom ou não]. …outra vantagem que a internet está apresentado para Hilda é o valor que recebe. Enquanto na rua cobra a média de R$ 50, nas redes sociais consegue cobrar entre R$ 100 e R$ 150, dependendo da situação.
As dificuldades da prostituição provoca ansiedade e depressão são comuns no trabalho de prostituição. Hilda confessa que conhece mulheres que tomam remédios para tratar a saúde mental. Já quanto ao preconceito, ela afirma que onde trabalham é pouco recorrente e quando surge qualquer comentário ela é defendida pelas comerciantes das bancas próximas, com quem adquiriu uma relação de confiança.
“Aqui neste nosso mundo não tem preconceito porque tem várias mulheres que fazem. Mas igual no bodozal onde eu moro, Deus o livre se souberem. As donos de boates defendem muito a gente. Prostituição é crime no Brasil? No Brasil, a prostituição não é crime. Conforme o artigo 230 do Código Penal, o que é considerado crime é quando uma pessoa tenta tirar proveito da prostituição alheia. Ou seja, quando a profissional do sexo possui um agente ou rufião que exige ser sustentado ou receber parte dos lucros.
Depois dessa etapa, já trabalhando de forma independente, Hilda acabou se tornando amiga de um de um de seus clientes. “Foi esse senhor, por quem ela tinha até certo carinho, que lhe falou sobre o concurso público para trabalhar como professora do estado e resolveu tentar, por que não? Ela cumpria todos os requisitos e, assim, que se inscreveu no concurso”.
Tudo isso aconteceu em 2017 e Hilda conta que conseguiu se organizar de forma que conseguia atender seus clientes e estudar para a prova. Em 2018 ela fez a prova, passou e sua vida mudaria novamente. “Dar aulas no ensino fundamental foi um desafio, mas ela consegui se adaptar, apesar das novas dificuldades que surgiram”, afirma. Hoje Hilda trabalha como professora do ensino médio na zona norte de Manaus, mas tem muitas ressalvas em relação à área educação
“Trabalhar como professora na educação pública do Amazonas é muito pior do que trabalhar em uma boate ou como garota de programa porque sou desrespeitada e desvalorizada todos os dias, só continuo porque preciso do dinheiro para sustentar minha família. O sistema educacional é feito para desmotivar os professores ”, diz.
Hilda revela que sua rotina envolve lidar com diretores grosseiros que também parecem não saber muito sobre seus respectivos trabalhos, com alunos mal educados que desprezam o conhecimento e com pais que acham que os professores têm que fazer o papel que eles não fazem em casa. Tudo é muito desgastante.
Ela chega para dar aula e é como se não tivesse entrado ninguém na sala. Os alunos nem se importam, não se interessam e quando questionados nos tratam com enorme desprezo”, diz. Hilda uma mulher corajosa, sensível e, ao mesmo tempo, muito triste: assim é Hilda.
BODOZAL – NA PARÍS DOS TRÓPICOS. Para manter a identidade protegida, os nomes neste artigo foram alterados…Parabéns Professora
por Almir Souza-Redator Hacker Free Lancer
Fonte Redação Fama
Foto AAS